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domingo, 27 de maio de 2012

Reforma Ortográfica 2013 ou Dos Nossos Mestres

As redes sociais estão passando por uma fase de valorização aos professores, recheando as páginas com imagens e frases que apontam a importância deste profissional para o mundo, já que do professor nascem tantos outros profissionais insubstituíveis, como médicos, advogados, dentistas etc.
É interessante perceber que ninguém cita os políticos, cantores de funk, fãs de reality shows e repórteres de revistas envolvidas em escândalos políticos, como frutos das salas de aula.
Vale notar também que 98% destas homenagens partem dos próprios professores, com frases como "Em se tratando de profissões, agradeço por ter escolhido ensinar", ou "Todas as profissões são importantes, mais o que seria dos outros se não fossem nós, professores?". Sim, que orgulho.

Em um país onde pós-graduados escrevem coisas como "quero vê", "graçinha" e "vosse", pergunto-me se a nossa gramática (aquela que todos deveríamos ter aprendido na escola - mas certamente não com os professores 'das redes sociais') ainda é válida.
Obviamente nossa língua (o português, para os menos informados), já sofreu incontáveis adaptações através dos tempos, desde o tupinambá (fui longe!), passando pelo português "aportuguesado" (sim, aquele de Portugal), até a mais recente reforma ortográfica de 2009.
Porém, é inegável que a língua escrita e falada na realidade social, difere absurdamente daquela que deveria ser a correta.

Onde está o erro? Onde as pessoas se perdem durante o uso de sua própria lingua?
Devemos agradecer à mídia - importante meio de informação, feito de reality shows, bundas e carecas femininas? Ou devemos agradecer aos nossos mestres do ensino - profissionais altamente qualificados para a alfabetização, que escrevem frases como as que citei há pouco?

Todos sabemos da desvalorização dos professores, com salários baixos e poucos benefícios. Mas talvez fosse mais plausível que estes importantes profissionais revissem suas noções de cultura e conhecimento. É inadmissível que uma pessoa responsável por educar toda uma sociedade, não conheça sua própria lingua a ponto de escrever “profição” e ainda assim, vangloriar-se de ser a base do conhecimento humano.

Pergunto-me se nossos docentes realmente merecem ser colocados na posição onde eles lutam para estar, ou se o lugar mais adequado para eles seria novamente a sala de aula – mas desta vez, na posição de aluno.

Diante de tudo isso, sequer sabemos se vale a pena procurar os culpados pela sociedade emburrecida em que vivemos hoje, ou se o mais "inteligente" é fazer uma nova reforma ortográfica para incluir os 90% da população que ficaram de fora da reforma de 2009. E - quem sabe? - do próprio Tupinambá.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Utopia

Chegamos a um tempo em que cansamos de nos revoltar contra nossas próprias mentes limitadas e, exaustos, passamos a odiar aqueles que tentam abrir nossas mentes.
Nos sentimos fracos diante de cada opinião política precipitada, cada Big Brother Brasil, cada erro de português e página de revista Veja, que representam uma gota no oceano de problemas que enfrentamos – ou deveríamos, no mínimo, enxergar.
Somos pisoteados pela ilusão de opinião própria, por trás da qual sempre há a midia impressa e televisiva.
Enquanto isso, em alguma ilha que ainda resiste aos tsunamis da falta de cultura, estão aqueles que perdem horas, dias e até anos de suas vidas escrevendo linhas a respeito de qualquer coisa que não sabemos o que é, com o intuito de gotejar algum conhecimento na terra seca de nossos cérebros, enquanto nós estamos mais preocupados com o próximo capítulo da novela das nove.
Estes pensadores – chamados assim para diferenciá-los do resto da espécie – são de dar pena. Uma grande e longa piada sem graça, daquelas que nunca lembramos o final.
Vencidos pelo cansaço na luta contra a ignorância, só nos resta cultivar a revolta contra estes pobres homens preocupados em salvar-nos da nossa liberdade utópica. E celebrar o descanso mental na rede social mais próxima.